Cordéis... lírios... delírios... cor de lírios... Ou apenas mais um lugar (comum?!) onde dou vez e cor aos meus delírios!

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Sem título


"Qualquer/ Traço, linha, ponto de fuga/ Um buraco de agulha ou de telha/ onde chova.
 Qualquer pedra, passo, perna, braço/ parte de um pedaço que se mova.
 [...] Qualquer curva de qualquer destino que desfaça o curso de qualquer certeza/ Qualquer coisa/ Qualquer coisa que não fique ilesa/ Qualquer coisa/ Qualquer coisa que não fixe." (Arnaldo Antunes, Hélder Gonçalves, Manuela Azevedo)


Essas linhas mal escritas
carecem de movimento,
ficam sempre a girar,
parecido um catavento,
feitas de “palavras-água”
nunca de cal e cimento.

Não podem se fixar,
são lírios sem raízes,
que voam com o vento,
não se prendem ao que dizes.
Nem tampouco representam,
pois são péssimas atrizes.

Nem procure por tesouros...
No fundo dessa lagoa,
talvez só encontre lodo,
lixo e coisas à toa,
quando muito uns destroços,
avião que já não voa.

Mas caso encontre algo,
não vá logo achando.
Pois que ache, tudo bem,
mas não fique enterrando.
Deixe que voe ou rasteje
por aí perambulando...

Deixe que voe em delírios
pervertendo as fronteiras,
caçoando teorias,
caçando outras besteiras.
Criando lugar comum,
sendo sempre forasteiras...

E ao sentir que achou,
que não firme sentido,
haverá algo surgindo,
que já é desconhecido
e que 




Kércio Prestes