Cordéis... lírios... delírios... cor de lírios... Ou apenas mais um lugar (comum?!) onde dou vez e cor aos meus delírios!

quarta-feira, 30 de março de 2011

Procura da poesia¹

"Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio."

 
Carlos Drummond de Andrade

¹Fora reproduzido aqui apenas um trecho deste poema.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Das Belezas da Ferrugem¹

(Foto do muro-mural de minha casa)
Contornando todo o ferro
a beleza da ferrugem.
Cicatrizes, impressões,
ao longo do tempo surgem.

Com relevo específico,
sobressaltos que lhe urgem.


Mostra o ferro num canto...
Um tanto gasto, curtido...
 Mas  ali alguém inventa,
e dá-lhe novo sentido.
Em eternos descontínuos,
já não é  o que tem sido...

Beleza do transitório,
há devir, mas não dever.
 Do que só é quando sendo,
é um é sem querer ser.
Que é tão belo quando
se inventa no transver
.

Transformado pelo ar,
ganha cor do invisível.
Do tempo, esse pintor,
meio incompreensível,
que altera o que imaginar,
não há nada impossível.


Subverte-se as coisas
até então esclarecidas.
Com a leveza do ar
  a rigidez é esculpida.
Questionando-se o peso
  e outras tantas “medidas”.

A ferrugem é metáfora
das relações que implica.
Com o contato com outro
um pouco dele ali fica,
recebendo também um tanto,
já também se modifica

Mas não seja inocente
 aqui também há perigo,
 não se pode distinguir
 entre bom ou mau, amigo.
São apenas uns delírios
 que eu trago cá comigo...

¹Cordelírio criado após breve contato com as invencionices de Manoel de Barros.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Dor Gravada - Patativa do Assaré


Gravador que estás gravando
Aqui, no nosso ambiente,
Tu gravas a minha voz,
O meu verso, o meu repente
Mas, gravador, tu não gravas
A dor que o meu peito sente!

Tu gravas em tua fita
Com a maior perfeição,
O timbre da minha voz,
A minha fraca expressão
Mas não gravas a dor grave
Gravada em meu coração!

Gravador, tu és feliz!
E - ai de mim - o que será?
Bem podes ter desgravado
O que em tua fita está.
Mas a dor do meu coração
Jamais se desgravará!

sexta-feira, 11 de março de 2011

Sobras do cordel anterior


Cantadores,
são encantadores,
Enquanto encantam o sertão,
cantam suas dores.
Com versos e conversas,
contam a paixão
de rimar seus versos,
de cheirar suas flores,
de cantar regressos e partidas
à terra dos seus amores.


sexta-feira, 4 de março de 2011

À todos os cantadores



À todos os cantadores

Aqui na terra rachada,
na quintura do verão,
menestréis sertanejos
brotam do árido chão
implorando por chuvas
com a viola na mão.

São nossos grandes poetas,

os maiores do lugar,
que batalham nas pelejas
com as violas a tocar.
Dominam a poesia
sem nem mesmo estudar

É a manha sertaneja,
de todo bom nordestino
que fala quase cantando
desde muito pequenino.
Que canta sua alegria
e também seu desatino.

Patativa, Zé Limeira
são alguns dos nossos astros,
Não tão populares quanto:
Olavo, Drummond e Castro,
                mas com versos tão sinceros               
   deixaram também seu rastro.

A vocês peço licença,
pra tentar também rimar.
Peço-lhes ainda a bênção
pra poder me ajudar.
Pra vencer muitas pelejas
  e cantar meu Ceará.

  Todos vocês que inspiram
  outros tantos cantadores,
que divulgam esta arte
  pintando varais de cores,
  a vocês todos eu peço:
- Cantem aonde fores!
 
Kércio Prestes