Cordéis... lírios... delírios... cor de lírios... Ou apenas mais um lugar (comum?!) onde dou vez e cor aos meus delírios!

quinta-feira, 17 de março de 2011

Das Belezas da Ferrugem¹

(Foto do muro-mural de minha casa)
Contornando todo o ferro
a beleza da ferrugem.
Cicatrizes, impressões,
ao longo do tempo surgem.

Com relevo específico,
sobressaltos que lhe urgem.


Mostra o ferro num canto...
Um tanto gasto, curtido...
 Mas  ali alguém inventa,
e dá-lhe novo sentido.
Em eternos descontínuos,
já não é  o que tem sido...

Beleza do transitório,
há devir, mas não dever.
 Do que só é quando sendo,
é um é sem querer ser.
Que é tão belo quando
se inventa no transver
.

Transformado pelo ar,
ganha cor do invisível.
Do tempo, esse pintor,
meio incompreensível,
que altera o que imaginar,
não há nada impossível.


Subverte-se as coisas
até então esclarecidas.
Com a leveza do ar
  a rigidez é esculpida.
Questionando-se o peso
  e outras tantas “medidas”.

A ferrugem é metáfora
das relações que implica.
Com o contato com outro
um pouco dele ali fica,
recebendo também um tanto,
já também se modifica

Mas não seja inocente
 aqui também há perigo,
 não se pode distinguir
 entre bom ou mau, amigo.
São apenas uns delírios
 que eu trago cá comigo...

¹Cordelírio criado após breve contato com as invencionices de Manoel de Barros.

2 comentários:

  1. Eu acredito (e espero que o amigo me permita)que ao escrever algo, abrimos a possibilidade de o que foi escrito ganhe novas interpretações, de forma que o que era "nosso" se torna pessoal demais para outra pessoa, que o texto seja "interiorizado" de tal forma que nao seja mais nosso e ganhe outros sentidos. Fica tão claro, quando se "canta"..."A ferrugem é metáfora das relações que implica. Com o contato com outro um pouco dele ali fica, recebendo também um tanto, já também se modifica"....A capacidade do humano de modificar e modificar-se é sempre algo que me surpreende.

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  2. Ficará sempre aberto para tantas quantas interpretações forem possíveis... Não pretendo engessá-los, deixo que eles delirem...

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